Partilho a minha última publicação do ano de 2013, um artigo que chegou até mim (autor desconhecido-versão traduzida) sobre a Geração Y, originalmente publicado no site "wait but why".
Aproveito para desejar em nome da equipa(e) do blog um Feliz Natal e um 2014 Repleto de SUCESSO Pessoal e Profissional!
Aproveitem bem a vida, cometam as loucuras que
quiserem (com juízo), escrevam, leiam, amem, digam o que têm a dizer
enquanto é tempo, descartem quem não vos quer bem, sonhem…!
Como dizia o saudoso Raul Solnado: "Façam o favor de ser felizes!"
Artigo redigido por Davide Gouveia*
DG64|2007-13|14
Esta é a Ana.
Ana é parte da Geração Y, a geração de
jovens nascidos entre o fim da década de 1970 e a metade da década de 1990. Ela
também faz parte da cultura Yuppie, que representa uma grande parte da
geração Y.
“Yuppie” é uma derivação da sigla “YUP”, expressão
inglesa que significa “Young Urban Professional”, ou seja, Jovem Profissional
Urbano. É usado para referir-se a jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos
de idade, geralmente de situação financeira intermediária entre a classe média
e a classe alta. Os yuppies em geral possuem formação universitária, trabalham nas suas profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda.
Eu dou um nome para yuppies da geração Y — costumo
chamá-los de “Yuppies Especiais e Protagonistas da Geração Y”, ou “GYPSY” (Gen
Y Protagonists & Special Yuppies). Um GYPSY é um tipo especial de yuppie,
um tipo que se acha o personagem principal de uma história muito importante.
Então Ana está lá, curtindo sua vida de GYPSY, e
ela gosta muito de ser a Ana. Só tem uma pequena coisinha atrapalhando:
Ana está meio infeliz.
Para entender a fundo o porquê de tal infelicidade,
antes precisamos definir o que faz uma pessoa feliz, ou infeliz. É uma formula
simples:
É muito simples — quando a realidade da vida de
alguém está melhor do que essa pessoa estava esperando, ela está feliz. Quando
a realidade acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.
Para contextualizar melhor, vamos falar um pouco
dos pais da Ana:
Os pais da Ana nasceram na década de 1950 — eles
são “Baby Boomers“.
Foram criados pelos avós da Ana, nascidos entre 1901 e 1924, e definitivamente
não são GYPSYs.
Na época dos avós da Ana, eles eram obcecados com
estabilidade econômica e criaram os pais dela para construir carreiras seguras
e estáveis. Eles queriam que a grama dos pais dela crescesse mais verde e
bonita do que eles as deles próprios. Algo assim:
Eles foram ensinados que nada podia os impedir de
conseguir um gramado verde e exuberante nas suas carreiras, mas que eles teriam
que dedicar anos de trabalho duro para fazer isso acontecer.
Depois da fase de hippies insofríveis, os pais da
Ana embarcaram em suas carreiras. Então nos anos 1970, 1980 e 1990, o mundo
entrou numa era sem precedentes de prosperidade econômica. Os pais da Ana se
saíram melhores do que esperavam, isso deixou-os satisfeitos e otimistas.
Tendo uma vida mais suave e positiva do que seus
próprios pais, os pais da Ana a criaram com um senso de otimismo e
possibilidades infinitas. E eles não estavam sozinhos. Baby Boomers em todo o
país e no mundo inteiro ensinaram seus filhos da geração Y que eles poderiam
ser o que quisessem ser, induzindo assim a uma identidade de protagonista
especial lá em seus sub-conscientes.
Isso deixou os GYPSYs se sentindo tremendamente
esperançosos em relação à suas carreiras, ao ponto de aquele gramado verde de
estabilidade e prosperidade, tão sonhado por seus pais, não ser mais
suficiente. O gramado digno de um GYPSY também devia ter flores.
Isso nos leva ao primeiro fato sobre GYPSYs:
GYPSYs são ferozmente ambiciosos
O GYPSY precisa de muito mais de sua carreira do
que somente um gramado verde de prosperidade e estabilidade. O fato é, só um
gramado verde não é lá tão único e extraordinário para um GYPSY. Enquanto seus
pais queriam viver o sonho da prosperidade, os GYPSYs agora querem viver seu
próprio sonho.
Cal Newport aponta que “seguir seu sonho” é uma
frase que só apareceu nos últimos 20 anos, de acordo com o Ngram Viewer, uma
ferramenta do Google que mostra quanto uma determinada frase aparece em textos
impressos num certo período de tempo. Essa mesma ferramenta mostra que a frase
“carreira estável” saiu de moda, e também que a frase “realização profissional”
está muito popular.
Para resumir, GYPSYs também querem prosperidade
econômica assim como seus pais – eles só querem também se sentir realizados em
suas carreiras, uma coisa que seus pais não pensavam muito.
Mas outra coisa está acontecendo. Enquanto os
objetivos de carreira da geração Y se tornaram muito mais específicos e
ambiciosos, uma segunda ideia foi ensinada à Ana durante toda sua infância:
Este é provavelmente uma boa hora para falar do
nosso segundo fato sobre os GYPSYs:
GYPSYs vivem uma ilusão
Na cabeça de Ana passa o seguinte pensamento: “mas
é claro… todo mundo vai ter uma boa carreira, mas como eu sou prodigiosamente
magnífica, de um jeito fora do comum, minha vida profissional vai se destacar
na multidão”. Então se uma geração inteira tem como objetivo um gramado verde e
com flores, cada indivíduo GYPSY acaba pensando que está predestinado a ter algo
ainda melhor:
Um unicórnio reluzente pairando sobre um gramado
florido.
Mas por que isso é uma ilusão? Por que isso é o que
cada GYPSY pensa, o que põe em xeque a definição de especial:
es-pe-ci-al | adjetivo
melhor, maior, ou de algum modo
diferente do que é comum
De acordo com esta definição, a maioria das pessoas
não são especiais, ou então “especial” não significaria nada.
Mesmo depois disso, os GYPSYs lendo isto estão
pensando, “bom argumento… mas eu realmente sou um desses poucos especiais” – e
aí está o problema.
Uma outra ilusão é montada pelos GYPSYs quando eles
adentram o mercado de trabalho. Enquanto os pais da Ana acreditavam que muitos
anos de trabalho duro eventualmente os renderiam uma grande carreira, Ana
acredita que uma grande carreira é um destino óbvio e natural para alguém tão
excepcional como ela, e para ela é só questão de tempo e escolher qual caminho
seguir. Suas expectativas pré-trabalho são mais ou menos assim:
Infelizmente, o mundo não é um lugar tão fácil
assim, e curiosamente carreiras tendem a ser muito difíceis. Grandes carreiras
consomem anos de sangue, suor e lágrimas para se construir – mesmo aquelas sem
flores e unicórnios – e mesmo as pessoas mais bem sucedidas raramente vão estar
fazendo algo grande e importante nos seus vinte e poucos anos.
Mas os GYPSYs não vão apenas aceitar isso tão
facilmente.
Paul Harvey, um professor da Universidade de New
Hampshire, nos Estados Unidos, e expert em GYPSYs, fez uma pesquisa onde
conclui que a geração Y tem “expectativas fora da realidade e uma grande
resistência em aceitar críticas negativas” e “uma visão inflada sobre si
mesmo”. Ele diz que “uma grande fonte de frustrações de pessoas com forte senso
de grandeza são as expectativas não alcançadas. Elas geralmente se sentem merecedoras
de respeito e recompensa que não estão de acordo com seus níveis de habilidade
e esforço, e talvez não obtenham o nível de respeito e recompensa que estão
esperando”.
Para aqueles contratando membros da geração Y,
Harvey sugere fazer a seguinte pergunta durante uma entrevista de emprego:
“Você geralmente se sente superior aos seus colegas de trabalho/faculdade, e se
sim, por quê?”. Ele diz que “se o candidato responde sim para a primeira parte
mas se enrola com o porquê, talvez haja um senso inflado de grandeza. Isso é
por que a percepção da grandeza é geralmente baseada num senso infundado de
superioridade e merecimento. Eles são levados a acreditar, talvez por causa dos
constantes e ávidos exercícios de construção de auto-estima durante a infância,
que eles são de alguma maneira especiais, mas na maioria das vezes faltam
justificativas reais para essa convicção”.
E como o mundo real considera o merecimento um
fator importante, depois de alguns anos de formada, Ana se econtra aqui:
A extrema ambição de Ana, combinada com a
arrogância, fruto da ilusão sobre quem ela realmente é, faz ela ter
expectativas extremamente altas, mesmo sobre os primeiros anos após a saída da
faculdade. Mas a realidade não condiz com suas expectativas, deixando o
resultado da equação “realidade – expectativas = felicidade” no negativo.
E a coisa só piora. Além disso tudo, os GYPSYs tem
um outro problema, que se aplica a toda sua geração:
GYPSYs estão sendo atormentados
Obviamente, alguns colegas de classe dos pais da
Ana, da época do ensino médio ou da faculdade, acabaram sendo mais
bem-sucedidos do que eles. E embora eles tenham ouvido falar algo sobre seus
colegas de tempos em tempos, através de esporádicas conversas, na maior parte
do tempo eles não sabiam realmente o que estava se passando na carreira das
outras pessoas.
A Ana, por outro lado, se vê constantemente
atormentada por um fenômeno moderno: Compartilhamento de Fotos no Facebook.
As redes sociais criam um mundo para a Ana onde: A)
tudo o que as outras pessoas estão fazendo é público e visível à todos, B) a
maioria das pessoas expõe uma versão maquiada e melhorada de si mesmos e de
suas realidades, e C) as pessoas que expôe mais suas carreiras (ou
relacionamentos) são as pessoas que estão indo melhor, enquanto as pessoas que
estão tendo dificuldades tendem a não expor sua situação. Isso faz Ana achar,
erroneamente, que todas as outras pessoas estão indo super bem em suas vidas,
só piorando seu tormento.
Então é por isso que Ana está infeliz, ou pelo
menos, se sentindo um pouco frustrada e insatisfeita. Na verdade, seu início de
carreira provavelmente está indo muito bem, mas mesmo assim, ela se sente
desapontada.
Aqui vão meus conselhos para Ana:
1) Continue ferozmente ambiciosa. O mundo atual está borbulhando de oportunidades
para pessoas ambiciosas conseguirem sucesso e realização profissional. O
caminho específico ainda pode estar incerto, mas ele vai se acertar com o
tempo, apenas entre de cabeça em algo que você goste.
2) Pare de pensar que você é
especial. O fato é que, neste momento, você
não é especial. Você é outro jovem profissional inexperiente que não tem muito
para oferecer ainda. Você pode se tornar especial trabalhando duro por bastante
tempo.
3) Ignore todas as outras pessoas. Essa impressão de que o gramado do vizinho sempre
é mais verde não é de hoje, mas no mundo da auto-afirmação via redes sociais em
que vivemos, o gramado do vizinho parece um campo florido maravilhoso. A
verdade é que todas as outras pessoas estão igualmente indecisas, duvidando de
si mesmas, e frustradas, assim como você, e se você apenas se dedicar às suas
coisas, você nunca terá razão pra invejar os outros.
* Manager do Blogue desde Outubro de 2007.