domingo, 8 de março de 2015

E você, qual a sua maior inteligência?

Artigo redigido por Davide Gouveia*    
DG74|2007-13|15

Hoje, vou falar sobre inteligência, mais especificamente sobre  a teoria das inteligências múltiplas desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Howard Gardner. Depois de muitos anos de pesquisas com a inteligência humana, o psicólogo concluiu que o cérebro do homem possui NOVE tipos de inteligência. 

As ideias de Gardner causaram grande impacto nos anos 1980, justamente por apresentar um caminho contrário ao do padrão de avaliação de inteligência mais aceito até então, o QI. “Poucos gênios são gênios em tudo. Einstein era um gênio matemático, Shakespeare era um gênio linguístico. Nós temos todos os potenciais, mas alguns são mais desenvolvidos”, exemplifica Celso Antunes, geógrafo, especialista em inteligência e cognição. São raríssimos os casos em que uma pessoa possui diversas inteligências desenvolvidas. Podemos citar Leonardo da Vinci como um destes casos raros de genialidade. Ele foi um excelente pintor, botânico, matemático, anatomista e inventor. Por outro lado, o Gardner afirma que são raros também os casos em que uma pessoa não possui nenhuma inteligência.

Gardner ainda afirma que estas inteligências apresentam-se de duas formas. Algumas pessoas já nascem com determinadas inteligências, ou seja, a genética contribui. Porém, as experiências vividas também contribuem para o desenvolvimento de determinadas inteligências. 

Os estímulos e o ambiente social são importantes no desenvolvimento de determinadas inteligências. Se uma pessoa, por exemplo, nasce com uma inteligência musical, porém as condições ambientais (escola, família, região onde mora) não oferecem estímulos para o desenvolvimento das capacidades musicais, dificilmente este indivíduo será um músico.

Para basear a sua teoria, Gardner avaliou o trabalho de gênios – como o músico Wolfgang Amadeus Mozart (1756 - 1791) e o físico Albert Einstein (1879 - 1955). Ele acreditava que as pessoas possuíam tipos de inteligência diferentes e usou os casos para justificar sua teoria e estabelecer os perfis, que hoje são nove. A ideia principal da Teoria das Inteligências Múltiplas é a de que possuímos habilidades diferenciadas para cada tipo de atividade e, portanto, possuímos mais de um tipo de inteligência, embora todos os tipos estejam interligados.

Vou então descrever as 9 inteligências:

Inteligência Lógico – Matemática- Facilidade em fazer cálculos, de encontrar padrões, ordem ou sequências. É a inteligência característica de cientistas e matemáticos. Esta era a inteligência testada por Binet no início dos testes de inteligência.

Inteligência Linguística – Sensibilidade para sons, ritmos e significados das palavras. Capacidade de comunicar, facilidade para transmitir ideias e de argumentação. Capacidade de improvisar e contar histórias.

Inteligência Musical – Capacidade para discernir sons, de apreciar, compor ou reproduzir música. Sensibilidade para componentes musicais, como o timbre e texturas. Os compositores e músicos possuem elevada inteligência musical.

Exemplo de uma criança (Tsung Tsung) prodígio no piano: 



Inteligência Espacial – Capacidade para perceber o mundo visual e espacial. Facilidade de perceber formas, distâncias, de forma a manipular formas ou objetos, mentalmente ou fisicamente, conseguindo inferir os seus movimentos e posições.

Inteligência Cinestésica – Capacidade de coordenação grossa ou fina do corpo, em função de desportos, artes plásticas ou cénicas, que pressupõem um conjunto harmonioso de movimentos corporais precisos.

Inteligência Interpessoal – Capacidade de entender as emoções, sentimentos, motivações e desejos das outras pessoas. Inteligência típica dos psicólogos, professores e políticos. Associada à empatia, à capacidade de perceber as outras pessoas.

Inteligência Intrapessoal – Capacidade de compreender, gerir e descriminar os próprios sentimentos e emoções. Aproveitando essa compreensão para a resolução dos seus próprios problemas.

Inteligência Naturalista – É a capacidade de reconhecer e classificar as espécies e organismos animais ou plantas e interagir com eles. É a inteligência envolvida em causas ecológicas. Inteligência típica dos zoólogos, biólogos, ambientalistas, etc.
 
Inteligência Existencialista/Filosófica – A mais recente das inteligências propostas, implica consciência de si no universo. Capacidade de ver o todo, mais que a soma das partes, capacidade de sermos nós próprios e estarmos bem connosco próprios e com o mundo. Saber quem é, de onde vem e para onde vai. Típica de pessoas como o Dalai Lama.

Todos nós possuímos todas essas inteligências e somos capazes de desenvolvê-las, mas acabamos tendo maior aptidão para umas ou outras. O reconhecimento destas inteligências facilita processos de ensino mais individualizados, que ajudam por exemplo o aluno a compreender os conteúdos nos quais têm mais dificuldade, a partir de sua inteligência mais desenvolvida. 

Enquanto persistir a ideia de inteligência como unicidade e não utilizarmos o plural, inteligências, nada vai mudar, na forma de ensino ou estrutura dos processos de seleção na empresa. Dificilmente existe uma atividade que estimule apenas uma inteligência. Um professor por exemplo pode e deve utilizar a força lógico-matemática de um aluno como rota para estimular outra habilidade. 

Olhando para as 9 inteligências podemos afirmar que a análise e constituição do QI de um ser humano tem como base duas inteligências definidas por GARDNER, nomeadamente:

QI = INTELIGÊNCIA LÓGICA + INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA

A questão é até pouco tempo atrás o sucesso de uma pessoa era avaliado pelo raciocínio lógico e habilidades matemáticas e espaciais (QI). Mas o psicólogo Daniel Goleman, PhD, com seu livro "Inteligência Emocional" retomou uma nova discussão sobre o assunto. Ele trouxe o conceito da inteligência emocional (QE) como maior responsável pelo sucesso ou insucesso das pessoas. A maioria da situações de trabalho é envolvida por relacionamentos entre as pessoas. Desta forma pessoas com qualidades de relacionamento humano, como afabilidade, compreensão, gentileza têm mais chances de obter o sucesso.

Mas, afinal o que isto de Inteligência Emocional?
 
    A Inteligência Emocional está relacionada a habilidades tais como motivar a si mesmo e persistir mediante frustações; controlar impulsos, canalizando emoções para situações apropriadas; praticar gratificação prorrogada; motivar pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e conseguir seu engajamento a objetivos de interesses comuns. 

    Daniel Goleman, em seu livro, mapeia a Inteligência Emocional em cinco áreas de habilidades:
 
1. Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre.
2. Controle Emocional - habilidade de lidar com seus próprios sentimentos, adequando-os para a situação.
3. Auto-Motivação - dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial para manter-se caminhando sempre em busca.
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.
5. Habilidade em relacionamentos interpessoais.

Olhando para estas habilidades podemos fazer o mesmo exercício de análise que fizemos para o QI conjugando com os tipos de inteligência de Gardner, assim:

QE = INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL + INTERPESSOAL

As três primeiras acima., i.e Auto-Conhecimento; Controle Emocional; Auto-Motivação.,  referem-se a Inteligência Intrapessoal. As duas últimas, a Inteligência Interpessoal.

Goleman chega mesmo a afirmar que 80% das chances de sucesso de um indivíduo são determinadas pelo chamado Q.E. (quociente emocional) e 20% pelo que chamamos de Q.I.
Com essa tese ele sublinhava que a inteligência emocional seria a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos.

As organizações não podem mais ignorar a força representada pelas pessoas que a integram, que, na melhor das hipóteses, deve compor-se de funcionários competentes, atualizados, ágeis e inovadores. Contudo, a orientação moderna para o sucesso pressupõe que as organizações saibam criar um ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam seguras e motivadas a crescer e a aprender com os desafios requeridos por suas realizações.

As aptidões emocionais estão trazendo mudanças radicais nos ambientes das organizações, já que não há mais dúvida de que as relações interpessoais entre os seus profissionais constituem um fator prioritário à conquista da excelência em todas as esferas. Lógica e intuição prometem fazer a parceria definitiva no paradigma da empresa do terceiro milênio, reafirmando o pensamento de que "só quem se conecta com o invisível consegue fazer o impossível".

Nos últimos anos, inúmeros estudos mostram que inteligência emocional é um pilar de sustentação para profissionais que tem um impacto importante em resultados. O primeiro indicador de inteligência emocional é perceber se o profissional tem uma auto-avaliação precisa. Ele precisa ter a capacidade de se enxergar como ele realmente é ou o mais próximo do que realmente é. Outro indicador é a compostura. A capacidade de lidar com situações difíceis mantendo o eixo. Não significa ser frio, não significa não ter reação. Significa conseguir manter a calma ou a relativa calma, o controle das emoções, para conseguir ter raciocínio e tomar as ações necessárias com a intensidade necessária.

O que acontece é que em situação de stress mantém a compostura, tem paciência, é cortês, respeita os limites das outras pessoas. Tem tolerância à ambiguidade. Nas situações ambíguas ele tem paciência para lidar com as situações até que a questão se clarifique. As empresas têm essas situações com muita frequência. Você recebe orientação de uma pessoa e daqui a pouco recebe orientação de outra. Quem tem baixa inteligência emocional vai estourar. A pessoa equilibrada vai dizer: “Me explica melhor, por qual razão você está me dando essa orientação. Diga a sua visão. Eu recebi outra orientação anterior, você quer que eu te diga para que possamos entender melhor a sua visão?”.

Como se identifica se uma pessoa tem esta competência?

É uma combinação de coisas. A principal referência são os pais. Um bom entrevistador sabe fazer as perguntas corretas. Ele tenta entender qual foi a relação do indivíduo com os pais, qual era a profissão deles, quantos irmãos esse profissional tinha. Tudo começa com a formação dos pais.

Isso faz a diferença, detetar se existia a presença dos pais cobrando, exigindo até onde a criança conseguia dar. A exigência de primeiro o trabalho depois o lazer são os valores familiares. Isso vai compor o tecido dos valores do indivíduo. Não é o tecido dos valores dos amigos. Quando os pais têm os valores alinhados, a probabilidade de o filho dar certo aumenta drasticamente. Quando os pais têm os valores desalinhados, a probabilidade de dar errado aumenta drasticamente. Não se trata de pais terem ou não valores. Todo mundo tem valores. Até Hitler tinha valores, o que ele não tinha eram princípios. A melhor forma de se descobrir os valores é através de exemplos reais, de situações reais. É perceber como as pessoas se comportaram. É entender o “como”. As melhores entrevistas são as que perguntamos “Me conta como você fez isso”, “Me conta como isso aconteceu”. Vamos cavando para extrair a verdade.

A mesma coisa no caso de assumir e aprender com os erros, é sinónimo de inteligência emocional, errar é humano, agora o que você faz com o aprendizado do erro é que traz genialidade. É claro que se aprende com os acertos, mas aprendemos muito mais com os erros em uma proporção de 100 para um. É claro que aprendemos com os pequenos erros e não com os grandes, porque eles são traumatizantes. E o grande papel dos gerentes, lideres é conseguir fazer com esses pequenos erros se tornem em aprendizagens consistentes com os valores da empresa, na medida em que conseguirá ajudar a consertar o erro e também a motivar para ação sem bronca, mas sim com ensinamento para a melhoria, se o conseguir, sairá do clichê do líder que dá bronca quando algum colaborador erra, quando um líder consegue passar esse aprendizado com os erros, isso gera um efeito multiplicador maravilhoso.

Portanto, o homem que sabe reconhecer os limites da sua própria inteligência está com certeza mais perto da perfeição. Tendo em conta as variáveis e contingências da sociedade e ambiente profissional em que vivemos e viveremos nos próximos anos, só se conseguirá a perfeição ou perto dela, se a pessoa e/ou profissional aliar:

 QI = INTELIGÊNCIA LÓGICA + INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA 

+
 
 QE = INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL + INTERPESSOAL 

+
 
Inteligência Existencialista/Filosófica – A mais recente das inteligências propostas, implica consciência de si no universo. Capacidade de ver o todo, mais que a soma das partes, capacidade de sermos nós próprios e estarmos bem connosco próprios e com o mundo. Saber quem é, de onde vem e para onde vai. Típica de pessoas como o Dalai Lama.

Acredito que se for feito um estudo dos grande lideres de empresas a nível mundial, se chegará a uma conclusão de que a maioria estará próxima de ter esta composição de QI + QE + Inteligência Existencialista/Filosófica. 

Para finalizar, algumas dicas no vídeo abaixo de como desenvolver a inteligência emocional:

* Manager do Blogue desde Outubro de 2007.