sábado, 12 de abril de 2014

Uma Questão de Atitude

Artigo redigido por António Machado Vaz*  
AMV9|2013-14

Como é que se doma um elefante?
Fonte da imagem:
fasdapsicanalise.wordpress.com
O truque é amarra-lo a uma arvore grossa quando ele é pequeno. Nos primeiros tempos, ele vai lutar com todas as suas forças para se libertar – mas, como é pequeno, não consegue. E desiste.
Entretanto, o elefante cresce e transforma-se no animal mais forte que existe na natureza. Com toda aquela força, ele podia facilmente libertar-se do seu cativeiro… e ir à vida dele.
Mas não o faz porque se lembra que em tempos falhou – conforma-se com a sua situação e nunca mais volta a tentar (daí é que vem a expressão “memória de elefante”).

Onde há muitos elefantes é na India – e foi precisamente para aí que uma empresa de calçado resolveu expandir a sua actividade. Resolveu, então, mandar para lá dois vendedores, para estudarem o mercado. Um foi para o Norte e outro para o sul.
Ao fim de uma semana, o do Norte liga pra sede e diz: “Chefe, vou voltar pra Portugal. Estive a estudar o mercado e não temos hipótese nenhuma. Ninguém aqui usa sapatos”.
No dia seguinte, liga o vendedor que estava no Sul: “Chefe, é melhor comprar um cofre maior, que o que temos não vai dar pra tanto dinheiro! Vamos ficar ricos! Estive a dar uma volta por esta região e clientes não faltam: sabia que… ninguém aqui usa sapatos!?

Costuma-se dizer que a realidade é um conceito relativo: Neste caso, onde um vê o desastre e o outro vê uma oportunidade.

A mentalidade – a atitude de cada um – é que faz toda a diferença. Porquê?

Porque a excelência das nossas acções reside na qualidade dos nossos pensamentos. O pensamento antecede a acção – e se alimentamos as nossas dúvidas, isso é meio caminho andado para que se dê a chamada profecia auto-realizavel: Vejam o caso do vendedor que diz “não vamos conseguir”: Se eu acho que não vou conseguir, então não me vou aplicar; não me vou preparar devidamente (para quê!?) - e aí as probabilidades de ter sucesso diminuem.

E, quando a coisa corre mal, vem o comentário o típico “eu não dizia que não era capaz?!
A profecia concretizou-se… Tal como o elefante, estamos tão convencidos que não somos capazes, que já entramos na luta derrotados.

Por isso é que é importante ter auto-confiança / pensamento positivo.
Mas atenção: ser optimista nao é ser lírico. Não é fugir aos problemas. Não é pensar: “tudo vai correr bem… mesmo que eu não faça nada por isso”.

O vendedor optimista vai dizer: sim senhor, eu vou conseguir. MAS VOU CONSEGUIR PORQUÊ?
·                    PORQUE me preparei bem - porque cheguei onde cheguei graças ao fruto do meu trabalho (ninguém me fez favores);
·                    PORQUE o produto é bom – já resultou noutros mercados.
·                    PORQUE há quem o queira comprar.

O que é que me falta? Saber onde estão os clientes? Então vou-me informar. Posso não encontrar clientes à primeira, mas não vou desistir! Vou atrás deles.

Isto é  auto-confiança! Eu estou a (1) mobilizar os meus recursos para a acção, (2) fico mais concentrado e, gradualmente, (3) estou a aumentar as probabilidades de ter sucesso.

Mas será esta fórmula infalível? Isto traz a garantia de alguma coisa?…  Meus amigos, vou-vos dar uma novidade: neste mundo, ninguém tem a garantia de nada. E a beleza do jogo da vida é essa mesma: é que o resultado é indefinido até final: Há pessoas que entram no jogo já a perder 1-0 mas que dão a volta ao resultado…

Nós dizemos:
Ai mas eu não posso - porque não sou bonito!
Ai mas eu não posso - porque eu não sou inteligente!
Ai mas eu não posso - porque eu não sou de cá!

Mas temos muitos exemplos de gente que “não podia” e deu a volta ao resultado:
·                 O Américo Amorim não tem nenhum curso e chegou onde chegou;
·                 O Cristiano Ronaldo nasceu num bairro de lata na Madeira e chegou onde chegou;
·                 O Barack Obama, quando nasceu, os negros não podiam votar – quanto mais ser eleitos para o que quer que fosse!

Já ouviram falar do blade runner? (não, não estou a falar do filme…) O blade runner é Óscar Pistorius, que se chama assim porque nasceu sem pernas. Corre com 2 próteses. E é tão bom que, aqui há uns anos, se discutiu se ele podia ser admitido em competições oficiais … porque podia ter uma vantagem em relação aos outros… Isto sim é dar a volta às circunstâncias e não se conformar com o seu destino! De repente, este homem pôs toda a gente a discutir se afinal, em vez de uma deficiência, ser amputado não será, ao invés, é uma vantagem!...

Com exemplos destes, como é que nós – que TEMOS TUDO – podemos dizer que não conseguimos?!

O que mais há neste mundo são pessoas inteligentíssimas mas que nunca fizeram coisíssima nenhuma na vida - porque, tal como o elefante, se conformam com o seu destino e desistiram antes sequer de verdadeiramente tentar.

Lembrem-se: o único que te pode dizer que não consegues és tu mesmo – e mesmo assim, tu não precisas de ouvir!

Discurso Oporto Toastmasters Club - António Machado Vaz:


* Colaborador nas publicações do Blogue desde Outubro de 2013.