Conta-se que Christopher Wren, o arquitecto encarregado da construção da Catedral de Londres, decidiu passear incógnito pela obra para ver como trabalhavam os pedreiros.
Chegado ao local da obra, Wren encontrou três pedreiros e olhou pensativo para os mesmos.
Um trabalhava muito mal, outro correctamente e o último punha no que fazia uma força e uma dedicação muito superiores às dos outros dois.
Sem se conter, aproximou-se do primeiro e perguntou-lhe:
- Boa tarde, senhor, a que é que se dedica?
- Eu? – respondeu o pedreiro. – Dedico-me a trabalhar de sol a sol numa tarefa dura e esgotante, que não me satisfaz. Nunca mais vejo a hora de acabar.
O arquitecto aproximou-se do segundo pedreiro e fez-lhe a mesma pergunta:
- Boa tarde, senhor, a que é que se dedica?
- Estou aqui para ganhar dinheiro suficiente para sustentar a minha mulher e os meus quatro filhos.
Wren dirigiu-se, por fim, ao terceiro trabalhador:
- Boa tarde, senhor, a que é que se dedica?
O pedreiro levantou a cabeça e, com um olhar cheio de orgulho, disse-lhe:
- Estou a construir a Catedral de Londres, cavalheiro.
Comentário:
Antoine de Saint-Exupéry, autor do imortal O Principezinho, assegura numa das suas frases célebres que, se quisermos construir um barco, não devemos começar por cortar a madeira e distribuir o trabalho, devemos primeiro ser capazes de evocar nos homens o sonho do mar livre e aberto.
De facto, um líder deve saber motivar e tem de se preocupar constantemente em manter a motivação da sua equipa. Porque uma pessoa motivada, como é o caso do pedreiro da catedral de Londres, trabalha melhor. É mais rentável e mais fiável nas tarefas que lhe são atribuídas. E isso porque se sente parte do projecto, Dos três, o único que está envolvido na construção da catedral é, sem dúvida, o que tem melhores resultados.
Devemos ser capazes de nos envolver e de envolver os outros. Acontece muitas vezes que só se tem em conta a equipa quando existem problemas. Na hora de comunicar maus resultados ou nas alturas em que as coisas não funcionam. Mas, para envolver verdadeiramente as pessoas, temos de fazê-las sentir, e sentirmo-nos nós próprios, parte da solução, não apenas do problema. Perceber que o nosso trabalho serve para a construção da catedral. E, para motivar, não são precisas características especiais nem grandes acções. Devemos simplesmente conhecer as pessoas que, no fundo, não são diferentes de nós mesmos. Quando nos conhecemos a nós mesmos, conhecemos a humanidade inteira, como garantia Hobbes.