quinta-feira, 28 de março de 2013

Porque é que pessoas inteligentes tomam decisões irracionais todos os dias?

Após a leitura de um interessante livro de Dan Ariely apresento-vos algumas ideias fundamentais que sustentam o conceito de que somos Previsivelmente Irracionais. O autor usou o seu sofrimento pessoal (i.e., ainda muito jovem, como soldado de Israel, sofreu queimaduras em 70% de seu corpo) como um grande insight para suas teorias.

Através de experiências divertidas e surpreendentes, Dan Ariely demonstra através do seu livro Previsivelmente Irracional que a nossa capacidade de raciocínio tem defeitos provocados por forças invisíveis – emoções, relatividade, expectativas, normas sociais – que nos induzem a fazer escolhas previsivelmente irracionais. Assim o livro, além de ajudar a compreender e admirar a complexa beleza da natureza humana mostra-nos, como reconhecer as falhas que fundamentam as decisões que tomamos. Não apenas cometemos erros todos os dias, mas sempre os mesmos tipos de erros. Com impacto na análise e estatísticas tradicionais baseadas em ciências como economia, estatística, recursos humanos, marketing, negócios, etc. Refuta o senso comum de que nos comportamos de forma racional, explicando como expectativas, convenções sociais, e outras forças invisíveis distorcem as nossas decisões. 

Dan Ariely vai dando respostas às questões infra referidas explicando as experiências que foi fazendo ao longo dos anos com os seus alunos (Professor no MIT). Tudo isto à luz da economia comportamental, que o próprio define no livro como "um campo relativamente novo que aborda aspectos simultaneamente psicológicos e económicos". Não faria mais sentido se a economia se baseasse na forma como as pessoas realmente se comportam, em vez de como se deveriam comportar? Esta simples ideia é a base da economia comportamental, um campo de estudo emergente focalizado no conceito de que as pessoas sempre se comportam racionalmente e que muitas vezes se enganam nas decisões que tomam.

Porque é que decidimos fazer dieta mas desistimos logo que chega a sobremesa? 
Nunca lhe aconteceu ler uma ementa num restaurante, ter uma ideia daquilo que queria comer ou beber e acabar por alterar a sua escolha porque ouviu um pedido na mesa ao lado, ou porque resolve seguir o exemplo de quem partilha a mesa consigo? 
Porque será que um medicamento caro nos faz sentir melhor do que um barato? 
O custo faz a diferença na forma como nos sentimos?
Porque sobrevalorizamos o que temos e subavaliamos o que queremos adquirir? 
Porque não resistimos às novas compras? 
O que é tão cativante no "grátis"? 
Quem poderia estar interessado apenas numa opção quando, pelo mesmo preço, poderia ficar com as duas? 
Porque motivo as pérolas são tão caras? 
Porque gostamos de fazer coisas quando não somos pagos para o fazer? 
Porque é que o sexo altera o nosso comportamento? 
Porque somos desonestos sem o reconhecer? 
Porque ficamos mais honestos quando lidamos com dinheiro? 

Assim, os economistas comportamentais acreditam que as pessoas são suscetíveis às influências irrelevantes que as rodeiam - efeitos de contexto - às emoções irrelevantes, à falta de perspicácia e a outras formas de irracionalidade. As nossas ações e respostas diante dos desafios quotidianos são reflexos de nosso comportamento enquanto pessoas. Mas como saber e medir a influência do ambiente, do meio, das pessoas ou da cultura?

Os humanos raramente fazem escolhas absolutas. Não temos um medidor interno de valores que nos informe quanto vale cada coisa. A maioria não sabe o que quer, a não ser que o veja no contexto.

Os pratos principais caros do cardápio aumentam a receita dos restaurantes – mesmo que ninguém os compre. Por quê? Porque, embora os clientes geralmente não comprem o prato mais caro do cardápio, pedem o segundo mais caro (que pode ser elaborado para gerar uma margem de lucro mais alta). Somos induzidos, conduzidos.

Portanto, a questão é que os nossos ambientes visuais e de decisão são uma filtragem de cortesia dos nosso olhos, ouvidos, olfacto, tacto e, o grande mestre, o nosso cérebro. Quando falamos de compreender e digerir a informação recebida, não é forçoso que ela traduza claramente a realidade. Será mais uma representação desta e é essa a informação que nos baseamos para tomar as decisões. Na essência, estamos limitados aos instrumentos com que a natureza nos dotou e o modo natural como decidimos é limitado pela qualidade e precisão desses instrumentos. 

Exemplo:
Capítulo 1: A Verdade sobre Relatividade

As nossas decisões são relativas. Estamos sempre a fazer comparações. A maneira como as opções são apresentadas e a complexidade em compará-las influenciam a nossa escolha.

1. Vejamos Sam, um vendedor de TVs. Mostra 3 opções:
  • 36' Panasonic por $690
  • 42' Toshiba por $850
  • 50' Philips por $1,480
Qual escolheria?

Sam sabe que as pessoas tem dificuldade em comparar as opções. Quem consegue dizer se a Panasonic de $690 é melhor do que a Philips de $ 1.480?

Mas Sam sabe que dadas 3 opções, as pessoas geralmente escolhem a do meio. Qual ele coloca no meio? A que deseja vender.

2. Dadas 3 opções:
  • A
  • B (diferente de A, mas também interessante)
  • A- (similar a A, mas um pouco inferior)
Quase sempre escolhemos A, por ser fácil de comparar com A- e ser nitidamente superior.

Por exemplo, se tivermos que escolher entre férias em Paris (com café da manhã) e Roma (com café da manhã). É difícil decidir certo?

Se colocarmos uma 3ª opção: férias em Roma (sem café da manhã) aumenta a escolha das pessoas por Roma (com café da manhã). Se for feito com Paris, acontece o mesmo.

Isto é irracional. Esta 3ª opção ligeiramente inferior não deveria influenciar a escolha das pessoas por Roma ou Paris.

3. Quando a Williams-Sonoma lançou a sua máquina standard de fazer pão, as vendas foram más. Após lançarem a versão deluxe (maior e mais cara), a versão standard disparou nas vendas pois dava a impressão de ser barata.

 Predictably Irrational videos by chapter:

quarta-feira, 27 de março de 2013

"All work and all play"

Este vídeo é o resultado de diversos estudos realizados pela Box1824 (empresa de pesquisa especializada em tendências de comportamento e consumo). É um projeto sem fins lucrativos ou comerciais.
O vídeo descreve a evolução entre gerações relacionando a forma de trabalhar. "All work and all play" coloca lado a lado as motivações de cada geração - baby boomers, geração X e millennial - para explicar como as relações profissionais mudaram com o passar do tempo. Se a maior aspiração dos baby boomers era a estabilidade, já para os millennials, o mais importante é trabalhar com paixão.
No fundo, o vídeo é mais uma "análise" (mesmo que superficial) do que um julgamento de valor a respeito da designada geração Y. Uma geração que está disposta a viver novas experiências em busca de algo que a deixe feliz, inclusive no trabalho. Mostrando os novos formatos de relacionamento com o mundo e o tempo.
Em suma, penso que há alguns elementos no vídeo que podem provocar algum tipo de discussão, ainda assim, parece-me de louvar a iniciativa da Box1824 pela atualidade e adaptabilidade de pensamento.

    
Assista ao vídeo:   

sexta-feira, 15 de março de 2013

"Jolly Good Fellow"

www.businessinsider.com
O "Jolly Good Fellow" da Google, Chade-Meng Tan, fala sobre como a empresa exerce a compaixão nos negócios do dia-a-dia - e nos seus arrojados projetos paralelos. Contratado pela Google cinco minutos depois de ter enviado para lá o seu currículo, foi um colaborador exemplar, durante oito anos. Como se sabe, só os melhores conseguem ser aceites na Google, e que ali se valorizam os profissionais altamente criativos. Começou por brincar com a ideia de ser um Google Fellow, o cargo mais alto que um engenheiro ali pode alcançar. Depois, deu um novo embrulho ao que poderia ser mais um livro de autoajuda ("Procura dentro de ti" - best-seller na lista do New York Times), acrescentando-lhe um pormenor que faz toda a diferença: em vez de dizer-nos como reagir num momento de grande stress emocional, explica-nos, antes, como manter a calma, já que só depois devemos decidir o que fazer. 



Ofereceu o curso aos seus colegas, em 2007, e depois passou a divulgá-lo pelo planeta. A grande motivação, assinala, é criar as condições para se alcançar a paz mundial. Quer saber como? Veja o vídeo em baixo, compre o livro e passe à prática! Afinal como afirma Chade-Meng Tan, é como o exercício físico: podemos não conseguir ser atletas olímpicos, mas os seus benefícios funcionam com toda a gente!

E se a compaixão for também lucrativa?
E se a compaixão for também boa para o negócio? 

Se fosses mais simpático, seria tudo muito mais eficaz: "OTIMIZAR"
O perfil do grande líder, insiste Chade-Meng Tan, não dá margem para enganos: humildes, ambiciosos e com capacidade para compreender e criar empatia com as pessoas... 

Pensar fora da caixa: "AUTONOMIA"
Deixar os funcionários trabalhar livremente, que eles, certamente, vão acabar por fazer a coisa melhor... Exagerando um pouco na metáfora, a Google é aquele lugar onde os loucos mandam no hospício.

A felicidade é o estado natural da mente: "NOVOS HÁBITOS MENTAIS"
Imagine que, ao encontrar alguém, pensa: "Quero que sejas feliz, quero que sejas feliz", repetidamente. Segundo Meng, essa boa vontade é imediatamente compreendida pelos outros, mesmo que de uma forma inconsciente, facilitando-nos a vida porque cria confiança e, com ela, boas relações de trabalho. Tudo junto, faz com que o ambiente seja fértil para a tal compaixão, "o estado mais feliz do mundo". 

Fonte:  
- http://www.ted.com/talks/chade_meng_tan_everyday_compassion_at_google.html
- Revista Visão, n.º 1045, 14 a 20 de Março 2013, p.82.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Grupo CH (Projeto Be a Monster)

http://www.beamonster.pt/
Nada melhor, que divulgar e incentivar as grandes iniciativas. A Melhor Empresa para Trabalhar, eleita este ano no ranking da revista Exame”, está à procura de novos talentos para integrarem em regime de estágio profissional a sua equipa. O Grupo CH colocou em marcha o programa “Be a Monster”.  O programa quer filtrar os 15 melhores talentos entre os 250 selecionados para disputar as várias fases da competição. O prémio é, segundo Eva Matos, partner da CH, “a possibilidade de conhecer por dentro a melhor empresa para trabalhar, num estágio profissional remunerado com duração de nove meses”.

Para integrar este programa o Grupo CH procura jovens recém-qualificados (com licenciatura ou mestrado), após 2011, nas áreas da gestão e similares, psicologia, marketing, comunicação, engenharia mecânica ou qualidade. Os candidatos terão ainda de estar inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), em condições de realizar estágio profissional, dominar informática na ótica do utilizador, serem fluentes em inglês, terem capacidade para trabalhar em equipa, sob pressão, de forma criativa e empreendedora e com elevado sentido de responsabilidade e organização.

Em paralelo com tudo isto, a empresa estará de olho nos candidatos que se destaquem pelo talento, criatividade e capacidade de integração na forma de estar na empresa, em permanente festa e celebração. Até porque como refere o seu fundador, António Henriques, “quem não gosta de festas até pode trabalhar cá, mas nunca chegará a partner da empresa”.

Apresentação Programa "Be a Monster": 

Etapa 1 “I want to be a Monster”
Queres ser um Monstro? Se já descobriste, não hesites… candidata-te! Para te inscreveres basta preencheres o formulário on line. Sê criativo e dá asas à tua imaginação!

http://www.beamonster.pt/

Etapa 2 “Looking for talent”

Nesta fase vamos encontrar o teu talento! Vamos ser monstruosamente exigentes e selecionar 250 jovens!

Etapa 3 “FINDING YOUR EDGE”

Limites? Já testaste os teus? Neste primeiro desafio “é preciso Acreditar!” Sendo a CH uma organização determinada prepara-te, porque “quanto maior o desafio, maior o gozo!”. Para a próxima fase seguem 120 candidatos!

Etapa 4 “LEARNING HOW TO BE A MONSTER”

Ser Monstro não é tarefa fácil e queremos preparar-te! Durante um mês vais ter formação intensiva e desenvolver as Basic Skills necessárias para enfrentar o mercado de trabalho e o que aí vem… já de seguida!
Seguem para a próxima etapa um máximo de 40 jovens que provem estar à altura do desafio!

 

 Etapa 5 “FINAL MATCH”

Já percorreste um caminho monstruoso! Agora, segue-se a Batalha final! A última hipótese para mostrares que és TU quem mais merece ser Monstro! Durante 48 horas intensas, serão vários os desafios apresentados aos candidatos que chegam a esta fase. Integram a fase seguinte um máximo de 15 sobreviventes!



Etapa 6 “LIKE A MONSTER”

Parabéns! Sê bem-vindo ao Mundo CH!! É aqui, na melhor empresa do Mundo, que irás estagiar e ser feliz!

 

Etapa 7 “Being a monster”

A sétima etapa não poderia deixar de ser a integração na festa! Esta é a cerimónia de encerramento e não vamos parar de te surpreender!

Nota Final: Candidaturas abertas entre 1 a 17 de Março.

Fonte:  
http://www.beamonster.pt/ 
http://aeiou.expressoemprego.pt

sexta-feira, 8 de março de 2013

Munir Virani: O porquê de adorar abutres

Normalmente falo de assuntos relacionados com pessoas, por isso, podem de alguma forma achar estranho ter um artigo designado de "O porquê de adorar abutres". Todavia, um problema global se levanta relativamente ao processo de extinção desta espécie, sendo que são vitais para o ecossistema como coletores naturais de lixo ao contrário de uma outra "espécie" de pessoas que nem isso consegue fazer e que normalmente é comparada a este animal, pior ainda, não está em vias de extinção, aliás prolifera a olhos vistos...! Quem vos parece que será!? Bem, para não ferir suscetibilidades, designo-os simplesmente como "Classe Política"...

Portanto, decidi apresentar este vídeo, já que este animal de acordo com a análise científica de Munir Virani necessita da nossa preciosa ajuda. Assim, solidarizo-me difundindo o vídeo,  mostrando a minha concordância e solidariedade com tudo o que foi apresentado. Reforço TUDO, especialmente esta distinta análise em cinco pontos essenciais das diferenças entre o "Abutre" vs "Classe Política". Ora vejamos:


Vídeo Completo: