quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Saleiro de Churchill (se non è vero, è ben trovato)

Membro do partido conservador-liberal, Winston Churchill considerado um dos maiores líderes mundiais do século XX, como a sua capacidade extraordinária de usar as palavras em benefício das suas ideias valeu-lhe o estatuto de um dos melhores oradores da História, só com as frases proferidas nos seus discursos seria possível escrever um livro de Gestão. Alguns exemplos: 


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"O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo."
"As ações são mais importantes que as aptidões."
"A vida dá lições que só se dão uma vez."
"A sorte não existe. Aquilo a que chamas sorte é o cuidado com os pormenores."
"A imaginação consola os homens do que não podem ser; o sentido de humor consola-os do que são."




Uma história atribuída a Churchill, diz-nos que, depois de uma receção presidida por Winston Churchill, foi oferecido um banquete em que estavam presentes personalidades de todo o mundo. Tudo corria com normalidade até que o chefe de protocolo reparou que um dos ilustres convidados enfiava inadvertidamente um saleiro de ouro no bolso. O chefe de protocolo não estava preparado para resolver aquela situação com o decoro e a discrição necessária, portanto, aproximou-se de Churchill e contou-lhe o sucedido. Perante a situação, o primeiro-ministro traçou a sua estratégia e disse ao chefe de protocolo para deixar o assunto nas suas mãos. Dito isto, Churchill pegou num saleiro de ouro e escondeu-o no bolso, aproximou-se do ilustre convidado e, mostrando-lhe o interior do seu bolso, piscou-lhe o olho ao mesmo tempo que segredava: "O chefe de protocolo viu-nos a pegar nos saleiros e a metê-los ao bolso. Creio que será melhor devolvê-los."

Como forma de comentário a esta história, partilho da opinião de Gabriel García de Oro expressa no seu livro Storytelling - A Magia das Palavras:  

Perante um problema, a única coisa que temos a fazer é resolvê-lo, não é criar novos problemas. É isso que faz o primeiro-ministro. Primeiro pensa. Depois traça uma estratégia inteligente e, por fim, executa-a. Nunca perde de vista o objetivo real: recuperar o saleiro mantendo a diplomacia. E o sucesso do resultado está no bom planeamento do problema. Churchill consegue-o. Oferece ao ilustre ladrão uma porta de saída sem que se sinta humilhado e, para isso, coloca-se no seu lugar.  Não vale a pena negar! Todos nos iremos deparar com problemas nas nossas empresas. Aquilo que irá decidir o nosso sucesso ou o nosso fracasso será a capacidade de resolver ou não esses problemas. Por vezes, há quem consiga o que quer, quem consiga recuperar o saleiro, mas a um preço tão elevado que, no final, isso se pode virar contra si. É uma má solução. Não resolve o problema de raiz. Também de nada serve deixar passar. Olhar para o outro lado não resolve nada. Uma não-solução não é uma solução, e, em muitos casos, o dia-a-dia e o facto de querermos evitar problemas levam-nos a pensar que sim. 

Churchill poderia ter pensado que não valia a pena intervir por causa de um saleiro. Não foi o que fez. Tal como escreveu Miguel de Unamuno, por vezes, a pior mentira é o silêncio.