AMV3|2013-14
sábado, 23 de novembro de 2013
O Poder do Feedback + Praticar a Sobrestimação
Artigo
redigido por António Machado Vaz*
AMV3|2013-14
O Poder
do Feedback
AMV3|2013-14
Ninguém
gosta de ser criticado.
Geralmente,
uma crítica aponta os nossos pontos fracos, aquilo que fizemos de mal. Há um
juízo de censura implícito.
Mas
quando foi a última vez que recebeu uma crítica construtiva de alguém, que o fez
fazer melhor, dizer melhor, agir melhor?
O
“feedback” pode ser traduzido por isso: uma avaliação crítica e construtiva,
que nos permite detectar as nossas falhas e saber como melhorá-las. Porque ninguém nasce ensinado e todos temos
margem para melhorar.
Espreite
este vídeo (6'22'') que mostra bem o poder de uma avaliação crítica e
construtiva.
Praticar
a Sobrestimação
Um erro
comum na implementação de um projeto é a sua subestimação: é por subestimarmos o tempo, ou o custo, ou os
obstáculos, ou o número de pessoas necessárias para o concluir, que, mais
tarde, ocorrem atrasos ou as muito faladas "derrapagens orçamentais".
Sabemos
isto – e no entanto continuamos a fazer "sub" estimativas. Porquê?
Porque
motivo continuamos a pensar "ainda não
bebi o suficiente para acusar no balão"; ou "hoje chegam-me 5 horas de sono"; ou "não preciso dizer que aprecio o trabalho dele – ele sabe”?
Nos
nossos projetos do trabalho - e mesmo nas nossas relações pessoais -
assumimos muitas vezes esta atitude “conservadora” (para não dizer
desleixada)… mesmo sabendo que corremos o risco de as nossas expectatativas
iniciais ficarem aquém das necessidades práticas que a realidade impõe.
Neste
pequeno excerto (4'22'') de uma Conferência proferida em Toronto em 1972, Viktor Frankl explica-nos
porque nos devemos sobrestimar
(a nós próprios e às pessoas com quem convivemos e trabalhamos): porque devemos
esperar mais, melhor e ir além das nossas próprias expectativas.
Porque só acreditando que podemos chegar ao
impossível, poderemos atingir o provável.
Viktor Frankl
sobreviveu aos campos de concentração (Auschwitz) durante a 2ª Guerra Mundial.
Sofreu todas as indignidades que se possa imaginar, mas resolveu “Assumir a sua
liberdade e viver os seus valores.” - ainda que naquele inferno na terra!
Decidiu três coisas: (1) sobreviver; (2) ajudar os outros; (3) enquanto lá
estivesse iria aprender alguma coisa com toda a situação. Conseguiu as três coisas
e foi, depois, um dos estudiosos do significado da vida, o que inspirou mais
tarde, o conceito de “visão do futuro”. Defendendo que é imperativo ter esta
“visão do futuro”, que nos lembra diariamente qual a direção, o sentido para
onde devem dirigir-se as nossas atenções. Como demonstra os ensinamento de Tao:
“onde a atenção vai, a energia flui, e onde a energia flui, as coisas
acontecem”. Essa capacidade de resiliência levou-o a desenvolver a ideia de que
o Homem não é um organismo simplesmente reactivo mas um ser autónomo, capaz de
moldar activamente o seu destino. Além disso, o Homem tem uma necessidade
intrínseca de dar sentido à sua vida – e isso passa por realizar todo o seu
potencial: por pôr em prática através de obras tudo aquilo de que é capaz.
É claro que nem
sempre as pessoas correspondem às nossas espectativas. É claro que o pensamento
positivo também não resolve tudo. Mas, ao subestimarmos (as nossas capacidades
e as dos outros) estamos a cair na “profecia auto-realizável”: se eu acho que ele
não consegue (sendo “ele”, o meu colaborador, o meu filho, o meu marido ou
mulher) e lho estou constantemente a dizer, se eu não transmito confiança, se
não dou espaço para arriscar, apenas posso contar com a inércia, com a apatia e
a falta de empenho.
Ao subestimar apenas conseguimos pior do
que aquilo que realmente queremos. Há por isso que incentivar, esperar mais e
melhor. Só assim se consegue despertar o potencial de “atingir as estrelas” que
existe em cada um.
* Colaborador nas publicações do Blogue
desde Outubro de 2013.
Postado por Davide Gouveia às sábado, novembro 23, 2013