Artigo
redigido por António Machado Vaz*
AMV5|2013-14
“How do you
inspire your team to do their best? (…) how do we get them to be
better then they think they CAN be? That is very difficult, I find.
Inspiration, perhaps. How do we inspire
greatness when nothing less will do?” (Nelson Mandela in Invictus)
O tema da liderança não passa de
moda. Seja qual for o contexto (nações, exércitos, empresas ou equipas) as
características de liderança sempre foram altamente apreciadas.
Há séculos que se disserta sobre
quais são as características que fazem um bom líder, se essas características
são inatas ou adquiridas (ou seja, se é possível aprender a liderar) ou se é preferível que um líder seja “temido ou
amado” (como se questionava Maquiavel, já em 1513, em “O Príncipe”).
Napoleão
Bonaparte dizia que “Um líder é um vendedor de esperança”
- para sublinhar o carisma necessário a inspirar as pessoas a segui-lo.
Já
neste século, Steve Jobs (o líder da moda) dizia que “Liderar
é levar a crer e a querer“.
Recentemente
deparei-me com um artigo bem interessante de Miguel Pina e Cunha e Arménio Rego
– dois gurus de referência, no que toca à gestão de pessoas em Portugal – que
propõe a ideia de “Líder positivo” (talvez tendo em mente que, de facto, "Não
é tarefa fácil dirigir os homens; empurrá-los, pelo contrário, é muito
simples.")
Sete pontos a reter e ponderar:
1 – O equilíbrio entre a INGENUIDADE e o CINISMO: Com a idade é muito comum os líderes perderem o
entusiasmo inicial e deixarem-se tomar pelo cinismo (“o sistema está montado para nos impedir de ter sucesso” por isso
não vale a pena fazer nada). Mas mesmo os líderes positivos não podem ignorar o
lado maquiavélico da vida organizacional (as lutas de poder, os jogos de
interesse). Desconsiderar esta realidade não é virtuosidade mas sim
ingenuidade.
2 – Olhar pela “ÁRVORE” mas
também pela “FLORESTA”: é necessário acompanhar o individuo mas sem
descurar a equipa e a própria organização: as equipas lideram-se, os indivíduos
desenvolvem-se.
3 – TOLERÂNCIA e RESPONSABILIDADE:
Só não erra quem não tenta fazer melhor e se acomoda. Deve, por isso,
tolerar-se o erro honesto, que decorre de uma execução diligente das
atribuições de cada um. Mas é preciso não esquecer que os erros saem caro (por
vezes, demasiado caro…) e que por isso devem ser assumidos, retirando-se deles
as devidas ilações – para que não se voltem a repetir (a chamada
“accountability”).
4 – “RESULTADOS, RESULTADOS,
RESULTADOS”: ser positivo não dispensa que se alcance resultados. Como tal,
não se pode confundir simpatia com competência, nem proximidade com
complacência. Mas atenção: com toxidade não há resultados sustentáveis.
5 – Actue como “CHEFE” e não
como “CRÍTICO DO CHEFE”: é muito comum as chefias intermédias
justificarem-se dizendo que só não fizeram mais por causa de quem está acima
delas. Se tem poder, tem a responsabilidade de o usar e de responder pelos
resultados – sejam eles bons ou maus (mais uma vez a tal “accountability”).
6 – Não se esqueça que “É DURO
SER SOFT”: as abordagens “à bruta” não são sofisticadas. Mas para
mobilizar, influenciar e inspirar é necessário uma combinação de humildade,
persistência e auto-conhecimento – tudo processos que exigem muito trabalho.
Por último,
7 – LIDERAR É UM TRABALHO DE
EQUIPA: ninguém lidera sozinho. “A tarefa de uma
liderança é alinhar as forças de um modo que as fraquezas se tornem
irrelevantes.” (Peter
Drucker). Os líderes complementam as suas forças e diluem as suas
fraquezas com as forças dos outros. São incompletos e sabem que o são - mas não
se desmoralizam com esse facto. Nesta perspectiva, a liderança é um “work in
progress” – nunca é um trabalho acabado. Líderes “acabados” são a negação da
mudança. São, assim, a negação da liderança. Não seja, pois, um líder “acabado”
(nas diversas acepções que a palavra pode ter).
[1] Artigo publicado in Revista Vida Económica (sexta-feira 3 de Janeiro de 2014).
* Colaborador nas publicações do Blogue
desde Outubro de 2013.