domingo, 1 de fevereiro de 2015

Capital Intelectual - Quando transborda enriquece o entorno..!

Artigo redigido por Davide Gouveia*    
DG73|2007-13|15

Antes de mais, desejo a todos os leitores/seguidores um fantástico ano de 2015! 

Na primeira publicação de 2015 escrevo sobre o conceito e composição do Capital Intelectual (CI), este é um tema amplamente falado, mas sobre o qual raramente vejo uma abordagem que contemple três pilares da sua composição que desenvolverei mais para a frente, sendo eles: 

1. Educação de Caráter/Valores;
2. Educação Formal;
3. Educação Executiva. 

Pensando no conceito e composição do CI, no meu pensamento surge de imediato uma palestra de Fábio Barbosa em que de forma subliminar fica para mim claro, a composição real do CI nos dias atuais. A generalidade dos conceitos de CI que vejo difundidos aborda ou contempla um dos pilares ou aborda todos mas de forma isolada e não correlacionada. Assim, convido-vos a visualizar a palestra TED de Fábio Barbosa (presidiu o Grupo Santander Brasil e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e, atualmente é presidente do Grupo Abril S/A), em que para mim fica absolutamente evidente a real/verdadeira do conceito mais difundido e importante no que se relaciona ao processo de formação dos profissionais de excelência.



“O que você faz no dia-a-dia? Isso está agregando valor? Está fazendo alguma coisa que está, de fato, construindo um país melhor?”. Essas são perguntas que o ex presidente do Grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa, faz ao público durante sua apresentação no TEDx SP. Para o executivo, questionar os valores e atitudes, tanto das empresas quanto dos cidadãos, é fundamental para construir uma sociedade melhor.
Fábio Barbosa comenta como é necessário cultivar um sentimento de responsabilidade coletiva e dimensão dos impactos que todos podem causar ao meio ambiente, economia e sociedade.

Sendo aqui, que fica para mim claro, uma composição de CI com uma abrangência superior... mas vamos continuar a analisar o que ele diz:

“Eu tenho algo a ver com uma empresa para a qual eu fiz um empréstimo e que está causando problemas ao meio ambiente ou isso não é problema meu? Eu devo contratar uma empresa que cobra menos independente dela pagar imposto? Eu estou preocupado com a situação dos meus fornecedores, dos meus funcionários, da diversidade ou o meu negocio é lucro?”
Quanto a isso, Barbosa é taxativo: “importa sim como você constrói seu resultado. Você vai agregar valor, mas você precisa fazer a coisa de uma maneira a levar em consideração o impacto que você causa em tudo que você interage”, diz.
E ele não aponta essa atitude como exclusividade do setor empresarial. Para o executivo, é preciso transformar a crença de que no Brasil não é possível ter sucesso sem intransigir.

Segundo Barbosa, a existência de uma valorização daqueles que conseguem atingir o sucesso por meio de um atalho e a tolerância a pequenos delitos são problemas que devem ser combatidos. Ele acredita que as coisas não precisam ser dessa forma se as pessoas não quiserem que sejam e cita um filósofo americano: "suas atitudes falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz”.
Para o executivo, não cabe apenas aos governos solucionar esses problemas. “Está nas nossas mãos. O país precisa sim de reformar trabalhista, fiscal, tributária, mas a mais importante é a reforma de valores. E isso não é o governo que faz, somos nós”.

Barbosa conclui a palestra comentando como os brasileiros ainda não evoluíram como consumidores de cidadania. “A gente continua votando, continua pagando imposto, mas como se fosse uma coisa distinta. Nos colocamos confortavelmente na posição de ficar aqui, com uma série de pequenos delitos, e criticando os que estão lá como se fossem coisas dissociadas. Temos que entender que a somatória das nossas atitudes é que faz o que está lá e que nós temos que nos conectar porque fomos nós que pagamos com votos ou impostos àqueles que estão lá”.

Para mudar o Brasil, o executivo sugere uma mensagem lendária de Gandhi: “nós temos que ser a mudança que queremos ver no mundo”.

Fica evidente nas palavras do executivo durante a sua palestra de que a chave para o futuro está nos trabalhadores do conhecimento. O capital intelectual, constituído pela educação do caráter, formal e executivo, são os propulsores econômicos de uma nação. 

Perante isto, quais são as características do Capital Intelectual?

Capital Intelectual é a potencialização de 3 educações que, quando transbordam, enriquecem o entorno:

Educação do Caráter: É a impressão digital da nobreza de valores. Se não existir, haverá um vazio que quer ser preenchido ou que nunca será. Hoje não se valoriza a riqueza do caráter. Dentro do injusto, devemos fazer o certo.

Se não tiver riqueza de valor e caráter, será sempre um vazio dentro da pessoa. O maior problema do Brasil é a falta de caráter, só tem coragem as pessoas verdadeiras. O Brasil para ser rico precisa caráter de educação.

 2º Educação Formal: Educação formal, acadêmica é a grande chave, como fonte dos fechamentos dos gaps de educação e caráter. Aprendizado baseado em sólida formação conceitual e universal. Cursos e programas são regulados por lei e estruturados segundo normas rígidas do MEC. O reconhecimento é, também, por prazo determinado. Em nível de Pós-graduação, as instituições apresentam autonomia CNE/CES 01/2007.

A educação formal é uma conquista da civilização. Cultiva a mente e a alma. E ainda alimenta os motores da mobilidade social, permitindo atender as nossas necessidades básicas e também as supérfluas. Maior o tempo dentro da escola, maior o salário fora dela.

Uma pesquisa feita por EXAME com presidentes de 30 grandes empresas listadas no anuário Melhores e Maiores mostra que praticamente todos eles arranjam algum tempo para se dedicar a aprender. Quase 90% deles freqüentam regularmente seminários ou cursos (formais ou não) e 74% participam de grupos de executivos com o objetivo de trocar idéias e fazer networking (veja quadro acima). Mais da metade leu pelo menos um livro nos últimos 12 meses.

Educação Executiva: Aprendizagem baseada na prática de negócios e valores organizacionais. Desenvolve competências essenciais para o mundo do trabalho, de forma ampla. Dispensa credenciamento oficial – seu reconhecimento é pelo mercado.

O capital intelectual constitui a matéria intelectual utilizada para gerar riqueza, que é o produto do conhecimento. É difícil identificá-lo, distribuí-lo de forma eficaz. Na economia atual compramos e vendemos conhecimento, não são mais os produtos e serviços, puros e simples, nem mesmo os recursos naturais os frutos de renda da economia, mas sim a inteligência, a capacidade mental utilizada para desenvolvê-los.

O conhecimento pode ser medido e gerenciado para melhorar o desempenho e revelar como gerentes e trabalhadores podem prosperar na era do conhecimento. Todos precisam saber o que fazer com essa nova economia do conhecimento, para tanto gerenciar o capital intelectual dentro das empresas será a porta para o sucesso.

O mundo não é um pântano onde os homens e mulheres se jogam e morrem... Existem mudanças acontecendo em meio as  crueldades e tragédias, o desafio supremo à inteligência é fazer prevalecer o que há de mais nobre e melhor em nossa curiosa cultura. 

O momento atual é de reflexão sobre o que as empresas realmente são. Ser é diferente de Ter. O Ser envolve valores, respeito ao profissional, força de união e ação, conhecimento. Com toda a certeza, o que ela vir a Ter, será conseqüência da forma de como conseguir administrar estas características. Dessa forma, o momento é de busca das melhores práticas e definições, o saber como se encaixar nessa nova era da informação, para obter resultados positivos e evoluir conjuntamente com todas essas mudanças que vem acontecendo.

A expectativa com relação ao futuro é grande e dependerá de planejamentos e desenvolvimentos, é hora de inserir no planejamento estratégico das empresas metas de desenvolvimento profissional para manter o capital intelectual valorizado: ter gente pensando mais, criando mais, agindo mais. Pessoas que sustentam a sua base de atuação profissional nas três educações construtoras do capital intelectual que quando transbordam enriquecem o entorno (capital intelectual). O Capital Intelectual não se enquadra nos modelos tradicionais. Para avaliar adequadamente as empresas, da sociedade do conhecimento, é necessário reavaliar muitos princípios, conceitos e normas.

Parece-me óbvio, que as empresas que forem dotadas de pessoas com capital intelectual que assente e tenha privilegiado o desenvolvimento das três educações em igual proporção, serão empresas mais bem preparadas para um 2015 de sucesso e contínuo crescimento, na medida em que o seu entorno estará em constante enriquecimento.

Excelência é uma filosofia de vida, tem a ver com compromisso consigo ou com o universo. Excelência gera excelência

Termino com uma mensagem para este ano de 2015:

Não podemos imaginar que teremos caminho sem pedras e, muito menos, que vamos, necessariamente, ter de mudar o caminho só porque encontramos pedras; precisamos é estar preparados para tirá-las do meio caminho. Isto me faz lembrar um dos ícones da poesia portuguesa, Fernando Pessoa:
“Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Que sejamos engenheiros de nós mesmos e que façamos das adversidades os nossos futuros castelos! Afinal, a exemplo da própria vida, as organizações estão cheias de pedras no caminho. Cabe-nos como gestores de pessoas, ajudá-las a assumirem a responsabilidade de “tirarem as pedras de seus caminhos” ou pelo menos, aprenderem a desviar-se delas... Caminhar é preciso!

* Manager do Blogue desde Outubro de 2007.